sábado, 9 de novembro de 2013

JARDIM

A MANHÃ SE APRESENTA ENSOLARADA
HOJE PRECISO DE SOL
 PARA VER MINHA SOMBRA
AS FLORES PLANTADAS NO DOMINGO
FLORESCERAM ONTEM
O VENTO MOLHADO FOI PASSEAR
E PARECE QUE TÃO CEDO NÃO IRÁ VOLTAR
OS OLHOS APAGADOS
 AGORA JAZEM EM ALGUM LUGAR SAGRADO
AS NUVENS NÃO TRANSMITEM MAIS AGONIA
O DOMINGO É AMANHÃ E TUDO INDICA SERÁ UM BELO DIA
VEJO SÍMBOLOS RUÍREM E IMPÉRIOS QUE CAEM
A HISTÓRIA ME POSSIBILITA ISSO
O PASSADO ME FAZ FORTE
 POIS FRACO DEMAIS JÁ FUI
ALI ONDE OS CÃES DEFECAM HAVIA UMA FLOR
MUITOS NÃO PERCEBERAM E ELA RESOLVEU PARTIR



As questões apresentadas  nesta sociedade contemporânea não são fáceis para todos, muitos aceitam e seguem o rebanho contentes com o simples resultado final(morte). Por outro lado alguns fazem de suas vidas um campo de batalha e não fogem dos conflitos, tais conflitos se apresentam todos os dias, para que estes conflitos sejam tratados de forma humana precisamos de apoio de nós e dos outros, não podemos abandonar nossas vidas e deixar que outros nos digam o que fazer. Mesmo assim, nesta semana alguém precisou dizer para a minha ex-aluna DÉBORA que ela não deveria fazer o que fez. Simples como o vento no rosto, talvez ela só precisasse de um abraço ou quem sabe de um momento de silêncio. Mas até para ouvir o silêncio nós precisamos de apoio.
Hildebrando Penteado

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

IR E DANÇAR

VOU E JÁ VOLTO E AVISO SE CHEGAR
ANDO E TERMINO A RUA
AVISO SE O SINAL FICAR VERMELHO
DEUS SE MATA AOS POUCOS
E UM GOLE A MAIS JÁ É UMA RECOMPENSA

OS OLHOS QUE BRILHAVAM APAGARAM-SE DE VEZ
VELHO COMO FICO, JÁ PASSEI POR ISSO
UMA SOMBRA VOLTOU E ME DISSE PARA IR
RESISTI COMO PUDE
NÃO QUIS VER MEU ALAÚDE

A VIDA É UM SOPRO
E A CORDA NÃO SUPORTA NOSSO PESO
COMO MUITOS NÃO SUPORTAM A BELEZA
ESCONDIDA ENTRE PASSOS DE UMA DANÇA
QUE SÓ NÓS SABEMOS SER  PROIBIDA.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

poente

os tantos discursos ouvidos nas ruas
as várias vezes em silêncio
verbo sem nexo na língua dos outros
peso constante nos ombros

veias podres que escorrem chorume
bocas sangram ao amanhecer
uma voz tão delicada me pede,
bate mais!!!

soluços e lágrimas se juntam ao gozo
braços tão finos que me consomem
uma paz vindoura espera o próximo beijo
na pele suja existe amor
e nas folhas da relva
 um corpo pende de novo.

sábado, 2 de novembro de 2013

pimenta

arde a boca,  arde os dedos
encontra a língua
e faz chorar
um choro feliz

é pior do que folha seca
pimenta é luz

parece uma nádega
se comermos demais
 ficamos vermelhos
e podemos nos apaixonar

terça-feira, 29 de outubro de 2013

VELÓRIO

TODOS AO LADO DE UM CORPO CARNE
VELAS ACESAS E LEMBRANÇAS APAGADAS

UM OLHAR DE MEDO
AO VER NO CAIXÃO O FUTURO QUE NOS AGUARDA

ENQUANTO ISSO OS JOVENS DANÇAM SEMINÚS AO MEUS OLHOS
E EU APENAS PERCORRO AS CURVAS

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

xESCUROx - Joio do Trigo


Trechos de Márcia Tiburi

Contra o horror infeliz do capitalismo, somente o sentido do processo da vida como comum, como entre nós, poderá levar a uma expansão real de nossas consciências enquanto verdade do corpo-espírito. E nos livrar, assim, da covardia à qual somos convidados diariamente pelo sistema econômico capitalista, que nos humilha e, nos envenenando, nos torna dominados doentes infelizes.
A religião do capitalismo pseudorracional e amedrontado confirmou-se como um grande medo e a grande destruição da religiosidade como verdade brutal, sensível e primitiva do universo do qual somos parte. O profundo sentido da religião é simples contra-alienação. É essa a verdade teológica da política desde Spinoza. O poder que vem da multidão e que nos faz marchar, falar e amar. O poder xamânico da lucidez de lugar contra toda alienação.
O poder negativo que administra o êxtase da alegria de viver, colocando em seu lugar a miséria da mercadoria servida aos mortos que passeiam desesperados entre shopping centers e farmácias, é o que precisa ser combatido. O estupefaciente da mercadoria é a falsidade contra a verdade da vida. O otário, vítima do envenenamento capitalista, tem no capital a sua religião e na religião o seu capital.

domingo, 27 de outubro de 2013

3 dias

de silêncio nas ruas
do vento que sopra
da febre que corta
da mão que suporta
da pele que arde
do lixo que sobra
da vida que age
dos cabelos que fogem
da barba que cresce
do futuro que chega
do calor que afasta
da idade que mata

Seaweed - Crush Us All


sábado, 26 de outubro de 2013

CALOR E SUOR

A PELE TRANSPIRA O FOGO
A BOCA SOLTA FUMAÇA

DEBAIXO DO VENTRE UMA COVA
O NOSSO MELHOR CEMITÉRIO

COVEIRO ALCOVEIRO QUE SOU
ACENDO A VELA NO BURACO

A ALMA SOBE
E OS DEMÔNIOS DESCEM